Imgem por Tama66.
Num mundo globalizado onde as indústrias não param de crescer, a economia aquece com o surgimento de novas máquinas que buscam facilitar a vida da sociedade e otimizar a produção de bens de consumo.
Até aí tudo bem.
Mas será que esse crescimento está alinhado com o desenvolvimento sustentável?
Industrialização
É um processo social onde a indústria se torna um setor dominante da economia, substituindo instrumentos, técnicas e processos, aumentando a produtividade dos fatores e a geração de riqueza. O sistema artesanal (manual), que é espacialmente disperso, dá lugar à produção serial, mecânica, espacialmente concentrada e padronizada. A economia e a sociedade se reorganizam em função do desenvolvimento da indústria.
Também é considerada parte de um processo mais amplo, incrementando inovação tecnológica, trazendo um desenvolvimento econômico e uma expressiva mudança no comportamento da sociedade. Existe um crescente processo de racionalização, alterando a forma como as pessoas se relacionam entre si e com a natureza.
Qual o preço da insdustrialização? — Imagem por Marys_fotos
A industrialização vem para sanar as necessidades básicas da população, dando suporte para que a sociedade se desenvolva e prospere, otimizando a produtividade e aumentando os ganhos econômicos.
Tá, e qual é o preço desse processo?
Novas Camadas Sociais
A Inglaterra foi a principal liderança durante a Revolução Industrial, dando os primeiros passos para um movimento que mudou o mundo moderno. A medida que o comércio crescia, também crescia a concorrência, e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Dessa forma, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias.
Inúmeros camponeses foram trabalhar nas fábricas e com isso formaram uma nova classe social: o proletariado.
Esse processo prejudicou os artesãos, já que os produtos eram produzidos de forma mais rápida nas fábricas. A burguesia é a classe que se consolida com o processo de industrialização.
A ciência foi valorizada e novas máquinas começaram a ser inventadas.
A Revolução Industrial trouxe riqueza para os burgueses, mas os trabalhadores viviam na pobreza. O proletariado foi se enraizando cada vez mais nas cidades, e essa camada social não parou de crescer.
Inúmeras mulheres e crianças realizavam o trabalho pesado ganhando muito pouco, com uma jornada de trabalho que variava de 14 a 16 horas diárias para as mulheres, e de 10 a 12 horas diárias para as crianças.
Crianças na Revolução Industrial — Imagem por istoe.com.br
Em 1776, o filósofo e economista escocês Adam Smith escreveu “A Riqueza das Nações”, considerada uma das mais influentes obras do liberalismo econômico, e na obra ele afirma que o individualismo é bom para a sociedade.
Smith também acreditava que as atividades que envolvem o trabalho humano são importantes e que a indústria aumenta a divisão do trabalho, crescendo também a produtividade. Para ele, cada um deveria se especializar em uma só tarefa, para que o trabalho rendesse mais.
E é justamente isso que é proposto no pensamento econômico tradicional, um pensamento linear e individualista.
Economia Linear
É um sistema de organização da sociedade baseado no processo “extrair-produzir-descartar”, com extração crescente de recursos naturais, tendo produtos feitos com esses recursos, sendo utilizados até o seu descarte como resíduo. Nessa economia, a maximização do valor dos produtos é dada pela maior quantidade de produção e de extração, obviamente.
Ou seja, o crescimento econômico depende do consumo de recursos, trazendo um risco iminente à natureza. Ao final do processo, um grande volume de resíduos que vai se acumulando em aterros e lixões, contaminando o solo e trazendo danos ao planeta.
É um ciclo vicioso altamente prejudicial.
Vivemos num ciclo autodestrutivo — Imagem por Jessebridgewater
Tudo tem um preço na vida, e é claro que esse pensamento é insustentável.
Economia De Escala
É uma forma de organização de processo produtivo que consiga obter um aumento de produção em alta quantidade, com baixos custos de produção e com incremento de bens e serviços.
“Existe economia de escala quando a expansão da capacidade de produção de uma firma ou indústria causa um aumento dos custos totais de produção menor que, proporcionalmente, os do produto. Como resultado, os custos médios de produção caem, a longo prazo.” (Bannock et alii, 1977).
O problema da Economia De Escala, é que com ela aumenta o consumo e também os danos que ela causa.
Produção em escala >> Impacto em escala
Produção em escala >> Impacto em escala — Imagem por Benita5
Cobertor Curto
Assim como outras atividades humanas, as indústrias são responsáveis por impactos no meio ambiente e na saúde da população mundial. Para a produção de bens de consumo considerados essenciais na vida moderna, elas geram resíduos e consomem recursos naturais, contribuindo diretamente para o desflorestamento, o aquecimento global e a extinção de diversas espécies.
Mas Lucas, esse problema não é exclusivo do setor…
É verdade!
A máxima do “cobertor curto”, fazendo uma analogia de quando se tapa a cabeça, os pés ficam descobertos, já que impactamos o planeta por nossa simples existência, e é impossível desenvolver todos os setores da economia de forma homogênea.
Pela lógica um dia chegaremos no limite da capacidade, os recursos não renováveis acabarão e fisicamente não teremos mais espaço para tantas pessoas.
Imagem por StockSnap
Como crescer sem agredir?
É um dos maiores desafios da sociedade atual, que tem um massivo aumento populacional nas últimas décadas e um salto no desenvolvimento tecnológico permitiu expandir o nosso impacto até mesmo para fora do Planeta Terra (vide essa reportagem sobre resíduos espaciais).
Equilíbrio
Nunca a palavra “equilíbrio” fez tanto sentido como agora. Uma distribuição balanceada de recursos, sejam eles quais forem, para que a população mundial cresça de forma equilibrada, e o mundo evolua de forma harmônica, é fundamental daqui para frente.
Equilíbrio é a palavra da vez — Imagem por Myriams_Fotos
Ainda lutamos para erradicar a fome e a pobreza. São problemas ancestrais que atingem muitas pessoas, por incrível que pareça. E isso também é culpa da distribuição desequilibrada de recursos.
Para tanto, é preciso mudar o comportamento individualista da sociedade, para um senso de comunidade, um senso de cooperação, buscando o desenvolvimento sustentável, coletivista e empático.
Novas Perspectivas
Existe um movimento global em prol da natureza, a revolução ecológica em busca de novas possibilidades para um mundo mais consciente. Engloba todos os setores da sociedade moderna e tem como objetivo apresentar alternativas sustentáveis para o sistema econômico vigente.
Dentro das indústrias também está acontecendo essa revolução, buscando se adequar às características do novo milénio.
Todos os setores buscando por alternativas sustentáveis — Arte por Geralt
As Zonas Industriais, também conhecidas como Parques Industriais, são áreas onde onde várias indústrias se agrupam, geralmente contendo alguma atividade em comum, como abastecimento de água, energia elétrica, gestão de resíduos, tratamento de águas residuais, etc.
Se concentrarmos essas atividades de grande impacto em áreas não residenciais, é possível buscar alternativas de mitigação para o impacto gerado sem prejudicar a população do entorno. Sem contar que concentrando as indústrias é possível otimizar o emprego de recursos e a logística, reduzindo assim o dano ao meio ambiente.
Indústria 4.0
Indústria 4.0 é um termo atual que se refere a aplicação de tecnologias nos processos industriais. Dentre elas a automação, big data e internet das coisas são as principais características.
Foi usado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011, pelo governo alemão que queria aplicar mudanças na forma como as fábricas operavam. Essa iniciativa teve apoio de diversos centros de pesquisas e empresas de tecnologias, e hoje já é globalmente difundida como uma prática necessária para as indústrias estarem alinhadas com as novas tecnologias.
Também é chamada de 4ª Revolução Industrial já que ao conectar máquinas, sistemas e ativos, as empresas criam redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de produção, descentralizando processos e a possibilidade de controlar diversas ações de forma autônoma.
São fábricas inteligentes com autonomia e capacidade para agendar manutenções, prever falhas em processos, evitar desperdício de materiais e se adaptar às mudanças não planejadas. Aplica conceitos de inteligência artificial, internet das coisas, análise de dados e processos que contribuem para a evolução desse setor.
Indústrias Inteligentes — Arte por Geralt
São mudanças estritamente necessárias para o desenvolvimento sustentável, já que renovam processos e mudam a dinâmica de trabalho das fábricas atuais.
Eu não acredito que seja uma batalha entre a Indústria e a Sustentabilidade, e apenas um desalinhamento de interesses. É necessário aplicar processos que levem em consideração o impacto dessas atividades e busquem métodos para crescer de forma consciente.
Assim sendo, temos um papel fundamental nessa transição: o de espalhar informação!
Contribuir com o despertar da consciência, esclarecendo aspectos que não sejam tão visíveis para outras pessoas, compartilhando coisas boas e multiplicando o amor.
Fazendo “apenas” isso, estamos contribuindo muito para um mundo melhor, e consequentemente impactando positivamente aqueles que estão próximos.
E aí, o que achou?
Quer conversar comigo? Manda um alô!
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